quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

parte 1 de 10

Arrumando as muletas ao lado do banco de madeira, Duda gritou mal humorada:
- Passa o brown. Já disse: um brown. Brownie!
A mãe dos gêmeos olhou torto e os dois adolescentes que voltavam de um jogo de futebol riram sem disfarçar. Leonor, que gesticulava do balcão, entendeu a piada interna e então falou pro atendente entre sorrisos:
- Uma bola de brownie pra ela, moço.
Sentou-se ao lado da amiga e enquanto tomava seu eterno sorvete de torta de limão:
- Já decidiu o vestido?
- Nada combina com essa bota de gesso. Eu não vou.
- Lá vem você... tem mais duas semanas, é claro que vai dar tempo de tirar o gesso.
- É, mas de muletas eu também não quero ir. Vou ficar tendo que explicar pra todo mundo que foi jogando vôlei com as meninas de 15 anos do prédio e dizer que eu sei que não tenho mais pique pra jogar com gente dessa idade...
- Tou achando que você tá procurando desculpa pra não ir, hein?
- Nem preciso. Você sabe que eu acho esse casamento uma palhaçada. Há quanto tempo eles se conhecem? Como é que o Caio pode achar que vai dar certo? Essa menina não tem nada a ver com ele. Você já viu o cabelo dela assanhado? Não! É por que ela não é de verdade! Já pensou nisso? Nem sei por que ele me chamou pra ser madrinha.
- Mas não foi você que apresentou os dois? Não foi você que indicou ela como nutricionista?
- Era pra ele perder peso, não o juízo!
- Agora que ele tá fininho, desencanou de você, cê tá aí se importando com quem ele vai casar, é? Deixa ele, foi você mesma que dispensou o cara. Nunca quis nada com ele.
- Ele é meu amigo e eu me importo se ele tá fazendo a coisa certa. Mas quer saber, ele é bem grandinho, né? E outra, casamento é ótimo pra paquerar. E vai rolar champanhe. Adora ficar alegrinha de champanhe.
- Hehehe. Então tá. Vamo ver o vestido depois daqui?
- Vamo. Mas o vestido de hoje, por que essa festa no barco eu não perco por nada.

(continua)

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